Estudo Sintático do Período Composto
Na língua nada funciona sozinho, isto é, do
morfema ao texto, sempre temos uma relação de unidades de nível linguístico inferior
compondo outra unidade de nível superior:
Morfema → palavra → sintagma → oração
(período) → texto
Período simples
As orações
são estruturadas a partir dos sintagmas. Uma única oração pode constituir um
único período ─ o simples ─, ou um
conjunto de orações pode organizar-se entre si de maneira mais ou menos
dependente, contraindo entre elas relações de dependência sintática ou
constituindo unidades apenas semanticamente
dependentes ─ o composto;
Há dois
processos básicos de se articularem orações em um período composto: a
coordenação e a subordinação, podendo haver períodos em que só ocorre um ou
outro processo, ou ambos, conjuntamente.
Segundo Sautchuk o significado de “ coordenar” e “subordinar” orações, pressupões um paralelismo de funções e valores sintáticos idênticos entre elas. Nesse caso, não há necessidade de dar ênfase a determinada ideia ou a um conjunto de ideias em um período composto, nem de o sentido de uma oração exigir o de outra oração.
Segundo Sautchuk o significado de “ coordenar” e “subordinar” orações, pressupões um paralelismo de funções e valores sintáticos idênticos entre elas. Nesse caso, não há necessidade de dar ênfase a determinada ideia ou a um conjunto de ideias em um período composto, nem de o sentido de uma oração exigir o de outra oração.
Presumo
enquanto
morei ali
que o júri
não funcionou
Verifica-se a
dependência sintática quando se leem
as três orações separadamente umas das outras: presumo exige um complemento obrigatório ─ objeto direto,
representado pela oração que o júri não
funcionou, e a oração enquanto morei
ali funciona como uma ideia circunstancial presumo que o júri não funcionou, enquanto a outra oração oferece
apenas uma ideia acessória.
Oração Principal
Sempre será
aquela que estará com o sentido incompleto ou semi-incompleto, necessitando de
aditivos sintáticos. Dependendo da natureza morfossintática das outras orações
que acompanham a oração principal, esse papel de relevância semântica será mais
ou menos preponderante no conjunto.
Orações subordinadas substantivas,
adjetivas e adverbiais.
As orações
subordinadas contém uma dependência sintática (além da semântica), isto é,
podem exercer funções sintáticas peculiares ao tipo de sintagma que estão
representados no período composto:
Oração Subordinada
Como próprio
nome indica, tem a natureza morfológica substantiva e pode desempenhar as
mesmas funções sintáticas que um sintagma nominal desempenharia, pois preenche
os requisitos para isso.
Subordinada Substantiva
É pouco provável que os pássaros
feridos sobrevivam
É pouco provável a sobrevivência dos
pássaros feridos.
Equivale a um
sintagma nominal, de natureza morfológica substantiva (núcleo sobrevivente)
No período
composto a oração que equivale a esse sintagma sujeito recebe o nome de
Subordinada Substantiva Subjetiva.
Orações Substantivas
São
introduzidas pelas conjunções integrantes que
(quando o verbo indica uma certeza) ou se
(quando o verbo expressa
incerteza ou quando ocorre uma interrogação indireta).
Oração Adjetiva
Será
representada por um sintagma adjetival e, como tal, funcionará sempre como um
modificador doo núcleo do sintagma nominal. A primeira oração adjetiva classifica-se como subordinada adjetiva explicativa, e a
segunda como subordinada adjetiva
restritiva.
Oração Adjetiva
Explicativa: Funciona como um sintagma autônomo, separado por virgulas. É usada para
acusar uma característica casual, imprevista, ainda que totalizadora
Oração Adjetiva Restritiva: Equivale a um sintagma interno e
sintaticamente componente de outro sintagma. Tal oração indica sempre uma
característica inerente, restrita ao elemento qualificado.
Inez Sautchuk
nos afirma que as orações adjetivas são introduzidas, sempre por um pronome
relativo: que, qual, o qual (a
qual, os quais, as quais), cujo (cuja, cujos, cujas), quanto (quanta, quantos,
quantas) e onde.
Orações Adverbial
Sua equivalência é com um sintagma de natureza e função adverbiais.
Exatamente como um adjunto adverbial, as orações subordinadas adverbiais
indicam uma circunstância em relação
à sua oração principal. Toda circunstância encerra uma ideia, uma condição
particular e/ou acidental que acompanha um fato.
Todos os
sintagmas que ladeiam a oração central indicam uma circunstância e funcionam
sintaticamente como adjuntos adverbiais de: tempo, lugar, causa, concessão (ou
contradição), modo, comparação e finalidade.
Para
organizar nossos pensamentos por escrito, precisamos saber que tipo de
conjunções ou de operadores lógicos e língua dispõe para expressá-lo adequada e
eficientemente.
Operadores Discursivos
São elementos
linguísticos que servem para organizar e condizer as ideias no texto, com uma
amplitude maior que a dos operadores lógicos.
São também operadores
discursivos: daí, primeiramente,
finalmente, de qualquer modo, assim, ainda, mais do que nunca etc.
Orações reduzidas
São
estruturadas semelhantemente às orações chamadas desenvolvidas. Seu uso
representa uma possibilidade a mais de construção de períodos compostos,
principalmente quando se quer evitar, estilisticamente, excesso ou repetição de
conectivos.
Paralelismo sintático
É um mecanismo de construção de enunciados que permite não só melhorar a clareza da expressão como também acrescentar a ela um toque de pura elegância estilística.
Seria sintaticamente inadequado, por exemplo, em um período composto, uma oração desenvolvida (introduzida por um conectivo) concorrer com uma reduzida, ambas “presas” a uma mesma oração principal.
A autora
afirma que a obediência à simetria
sintática de construção de frases é
marca de quem sabe manejar muito bem a sintaxe de sua língua e,
consequentemente, conhece a própria língua.
Um olhar
experiente consegue com facilidade
perceber o desequilíbrio de formatos sintáticos em uma frase.
É preciso cuidado
redobrado com o paralelismo nas correlações de ideias, pois pode ocorrer um
emprego inadequado dessas expressões.
“ O sistema linguístico põe à
disposição do falante diferentes arranjos sintáticos para a expressão de
relações semânticas, lógicas e argumentativas, Por mais requintado e complexo
que seja seu pensamento, ele deverá procurar, no repertório de sua língua, os
mecanismos sintáticos que lhe permitam exprimi-lo adequadamente. As combinações
possíveis são tantas que os poetas podem queixar-se apenas da dificuldade para
encontrar a expressão perfeita ─ jamais, porém, de que faltem ao sistema de sua
língua recursos para socorrê-los. A
sintaxe tem sua economia interna, suas leis próprias. A essa grande senhora,
sem a qual não se pode passar, recorre o homem para realizar seu fascinante
jogo na armação do pensamento." Carone
(1988b:7)
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