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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Resenha Capítulo 4 - Práticas de Morfossintaxe – Inez Sautchuk


Capítulo 4

Estudo dos termos da oração (período simples)
Os enunciados de um texto qualquer podem ser organizados sob a forma de períodos simples ou compostos, desde que apresentem, respectivamente, uma única oração ou mais de uma. Quando o período é composto, haverá também uma relação sintática entre suas orações constituintes. Essa relação pode ser de simples superposição uma oração após a outra, sem nenhuma dependência sintática entre si, ou com variados tipos de dependência.
A esses dois processos básicos de relação sintática que ocorrem em períodos compostos damos os nomes de coordenação e subordinação. As relações sintáticas que ocorrem nos períodos simples, ocorrem entre os diversos sintagmas que constituem essas orações, tendo o verbo como centro ou elemento fundamental dessa construção.
Se toda oração deve necessariamente apresentar um sintagma verbal como seu constituinte obrigatório, o mesmo não se pode dizer de outro constituinte, este de natureza gramatical e não meramente semântica: o sujeito. O SUJEITO de uma oração é uma noção gramatical – uma função sintática – que está muito além de ser entendida de uma maneira apenas ou predominantemente semântica, como tem ocorrido. Considerá-lo termo essencial da oração já apresenta uma série de “exceções”, pois, como se sabe, há inúmeros casos de orações sem sujeito em português.
Dizer também que sujeito da oração é o termo sobre o qual se afirma ou se declara algo pode até significar que não se declara coisa alguma, visto que não há termo ao qual a declaração seja dirigida ou que se afirma algo sobre o tempo, sobre a comida ou sobre as horas.
Da mesma forma, há quem diga que sujeito é aquele que pratica a ação expressa pelo verbo, o que em uma oração, pode levar o pobre usuário da língua à loucura, pois o sujeito não pratica ação nenhuma, ou pode fazê-lo perguntar por que não teria sujeito, uma vez que o verbo não expressa ação.
As tentativas tradicionais de caracterizar o sujeito da oração são baseadas em considerações de natureza semântica, isto é, na necessidade de saber o significado (subjetivamente oscilante) do que seria essencial, do que é declarar, do que é ação. Também de uma forma subjetiva seria impossível entender por que em uma oração como alguém quebrou o vaso o sujeito não é indeterminado e por que em quebraram o vaso o sujeito é indeterminado e não oculto.
Ainda muito usado em livros didáticos: para descobrir o sujeito, pergunte “quem? ” ou “o quê?” para o verbo da oração. Entre outras falhas, esse mecanismo “prático” só funciona quando o sujeito da oração é tão óbvio que a pergunta nem precisaria ser feita. Além disso, o método leva a confusões fatais, pois, para descobrir o objeto direto da oração, também se aconselha perguntar “o quê?” ao verbo.
É necessário estudar o SUJEITO da oração além de uma definição semântica, examinando-o primeiro sob uma perspectiva predominantemente morfossintática, quando se observam sua base morfológica e sua função no eixo sintagmático. A partir disso é que se podem tecer considerações quanto a “o que ele significa”, necessariamente dependentes do papel que esse sujeito desempenha em um contexto textual.
As orações em português organizam-se mediante uma disposição dos sintagmas na cadeia falada que obedece a um padrão de construção, que podemos agora chamar de padrão sintático de construção:
SVC (S= sujeito; V= verbo e C= complemento)
Esses modelos de construções podem ser expandidos ou transformados de incontáveis maneiras, inclusive rearranjados em outra ordem: são as inúmeras possibilidades de se expressar uma ideia em Língua Portuguesa, por meio de enunciados mais simples ou mais complexos.

Estudo do sujeito da oração
A característica morfossintática definitiva do SUJEITO da oração é a de ser sempre de natureza substantiva, representando, portanto, por um sintagma nominal, e, depois a de ocupar preferencialmente a primeira posição do SVC. Assim, em qualquer tipo de enunciado, podemos lançar mão dessa dupla característica e propor um método prático de identificação do sujeito das orações: todo termo da oração (não preposicionado) que puder ser substituído por um pronome reto (ele, ela) será sujeito.
O princípio linguístico que rege esse método prático é aquele sustentado pelo fato de que somente um pronome pessoal do caso reto pode substituir o sujeito da oração, por serem ambos de natureza substantiva (não preposicionada).
Devem ocorrer algumas condições constantes:
- todo termo não submetido deve sempre ser repetido na resposta, isto é, as respostas devem ser sempre completas;
- o pronome reto concorda, em gênero e/ou número, com o núcleo do sujeito;
- se todo sujeito expresso na oração é sempre representado por um sintagma nominal, obviamente nenhum sintagma preposicionado poderá ser sujeito;
- o sujeito da oração é sempre representado por um sintagma autônomo.
Esse método é particularmente funcional nos casos de orações construídas em ordem inversa ao SVC e que apresentem sujeito expresso. O sujeito, quando explícito na oração, tem de ser necessariamente um sintagma nominal:
- com determinante+ núcleo substantivo;
- representado por palavra substantivada;
- representado por pronome substantivo;
- expandido a partir do núcleo substantivo e acompanhado por seus determinantes e/ou modificadores.
O importante é ressaltar que a posição do sujeito no padrão oracional do português é sempre a de um termo de natureza substantiva, mesmo que, nessa estratégia de identificação, nem sempre seja possível trocar o termo por um pronome reto correspondente, em razão do uso na língua, mas se possa fazê-lo por outro pronome substantivo equivalente, como isso.
É tradicional classificar o sujeito da oração como simples, composto, oculto (ou elíptico), indeterminado ou inexistente (ou oração sem sujeito). Independentemente da nomenclatura de classificação, exemplos desses casos possibilitam como o método prático também funciona com eles. Saber o nome de um determinado tipo de sujeito não é tão importante quanto observar as várias possibilidades de esse termo se manifestar nas orações.
Assim, o caso de SUJEITO SIMPLES (SS) ocorrerá quando for possível trocar um sintagma nominal (com um só núcleo substantivo) por um só pronome reto.
Já no caso do SUJEITO COMPOSTO (SC), dois ou mais sintagmas nominais (com os respectivos núcleos substantivos) podem ser trocados por um só pronome reto.
O SUJEITO OCULTO (SO) (ou elíptico ou desinencial) é aquele marcado na própria desinência verbal, sem ser representado expressamente no enunciado por um sintagma nominal. Nesse caso, em nosso método prático, não se troca nenhum sintagma nominal por pronome reto, mas acrescenta-se um só pronome à oração, justamente aquele único que pode se articular ao seu verbo.
Os casos de SUJEITO INDETERMINADO (SI) são um pouco mais complexos, mas o método prático funciona igualmente bem como eles. Lançamos mão de enunciados com sujeito indeterminado quando contextualmente o desconhecemos ou desejamos que sua identidade permaneça desconhecida. Embora ela exista sintaticamente, não aparece expresso na oração. Nesse caso, o verbo da oração fica necessariamente apenas em 3ª pessoa do plural ou do singular, acompanhado do pronome se.
Em relação a construções de verbos em 3ª pessoa do singular ou do plural com o pronome se, não podem se esquecer os casos em que esse pronome funciona como pronome apassivador, ou seja, os casos de voz passiva sintética. Nesse tipo de construção, a oração pode passar facilmente para a voz passiva analítica, indicando não ter um sujeito indeterminado, mas apenas estar construída em uma das possibilidades de apassivar o sujeito em português.
Finalmente, há o caso das ORAÇÕES SEM SUJEITO, em que se costuma nomear o sujeito de inexistente, o que nos parece um tanto incoerente. Entretanto, são construções em português que correspondem àquela ausência significativa, isto é, àquela posição S que fica vazia no padrão SVC. São enunciados em que se diz que o verbo é impessoal, devendo permanecer quase sempre na 3ª pessoa do singular.
A função gramatical (sintática0 do sujeito da oração, quando expresso por meio de um sintagma nominal ou omitido na forma oculta ou indeterminada, é útil e necessária para desempenhar papéis comunicativo-textuais muito importantes. Se escrevermos uma frase, começando por qualquer sintagma que não seja sujeito, é possível observar como o leitor vai lendo...lendo no aguardo de um sintagma que assuma essa função.
Na verdade, a função do sujeito em uma oração ultrapassa a meramente gramatical ou sintática, uma vez que ele pode ser usado para desempenhar pelo menos três papéis comunicativos diferentes, estes, sim, de relevância semântica:
- referente: aquilo sobre o que se declara algo;
- tópico: função textual de realce;
- agente: aquilo que pratica a ação expressa pelo verbo.
Isso significa que, quando se constrói uma frase com sujeito, ele estará representando o elemento ao qual se fará um comentário, realçando esse elemento na frase e, no caso de referir-se a um verbo que expressa ação, poderá representar também o agente dessa ação.

As orações sem sujeito em português, por sua vez, podem ter, por si só, carga semântica fechada, não apresentando, portanto, referência a um tópico/sujeito na construção frasal ou funcional como parte de um período composto, mas indicações de um tempo decorrido.

Camila Menezes Maia RA C495492
Letras - 4º Semestre - Turma LL4P48

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