Páginas

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

EMPREGO CORRETO DAS VÍRGULAS


MORFOSSINTAXE APLICADA À LÍNGUA PORTUGUESA SAUTCHUK, Inez. Prática de Morfossintaxe. Como o por que aprender análise (morfo)sintática. São Paulo: Manole, 2004

    Em português o emprego das vírgulas é realizado em função da sintaxe de construção das frases e da colocação de termos integrantes, acessórios e essenciais das orações,não se aplicando por motivos "sonoros". Apenas as pausas sintático - semânticas tem correspondência no sistema escrito do português.
   A ordem SVC em nossa língua não deve ser separada por vírgula. Deve-se utilizar a vírgula somente quando "um elemento estranho" (termo acessório) é colocado entre esse padrão ou antes dele. 

Exemplos:
  

E, além disso,  as circunstâncias       são       outras.
                                        S                 V            C





Meu filho,       quase sempre à tarde,       estuda     piano.
      S                                                            V              C 



Dado o sinal,     todos  saíram,  apressados,   da sala de aula.
                            S          V                                      C 


Conteúdo dos Slides da Disciplina: MORFOSSINTAXE APLIC. LING. PORT. PROFESSORA: Ilka

O USO CORRETO DA VÍRGULA
• É realizado em função da sintaxe de construção das frases e da colocação de:
a)termos essenciais (SUJEITO E PREDICADO)
b)Termos integrantes (OBJETOS E COMPLEMENTOS)
c)Termos acessórios (ADJUNTOS, APOSTO, VOCATIVO)
São marcadas por VÍRGULA = as pausas sintático-semânticas (elas tem correspondência no sistema escrito do português)
As pausas respiratórias não tem correspondência no sistema escrito do português.
Obs.: Em Português o SVC não podem ser separados por vírgulas (ordem não marcada melodicamente)

• Somente quando um elemento estranho (TERMO ACESSÓRIO) é colocado entre o padrão SVC, ou antes dele, essa colocação é (DEVE SER) marcada melodicamente por meio de vírgula(s).
(273) E, ALÉM DISSO, AS CIRCUNSTÂNCIAS ATUAIS SÃO OUTRAS.
(274) Meu filho, quase sempre à tarde, estuda piano.
               S                                                V        C
Mesmo diante de casos de construção mais complexa, com períodos compostos e um nº maior de conectores, um olhar mais atento sob o ponto de vista sintático ajuda bastante  encontrar a POSIÇÃO DAS VÍRGULAS. (p.154)
(279) Mas, mesmo depois de tanta promessa por parte da escola os alunos continuaram a não ter aulas de física, perdendo tempo e energia à toa
PARA FINALIZAR
INCORRETO:
Meu amigo de Floripa, venceu o concurso.
Vários integrantes daquela comitiva, solicitaram reembolso.
Sei que você prometeu à sua mãe, fazer academia.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO V    (p.155)
1.Coloque a vírgula onde for necessário (identifique antes o SVC, invertido, ou não)
a) OS CANDIDATOS MAIS PREPARADOS PARA PARTICIPAR DO CONCURSO DE INGRESSO AO MAGISTÉRIO PÚBLICO NÃO FIZERAM A INSCRIÇÃO PELA INTERNET
b) A guerra que se faz nos últimos tempos contra o cigarro acabará sendo vencedora.
c) Também serão atingidos quer queiram ou não os transmissores de alta frequência.
d) Encaminho a V.Sa. um trabalho de pequena extensão.
e) Mas segundo o que se comenta ele foi mesmo contrariado à reunião de equipe.

   Usa-se a vírgula principalmente nestes casos:
• Para separar palavras ou orações de mesma função sintática. Ex.:
• Minha casa tem quatro dormitórios, dois banheiros, três salas e bom quintal.
• A inflação reduz o consumo, a produção, o incentivo dos empresários e a oferta de emprego.
• As flores murcham, os palácios caem, os impérios desintegram-se. Só as palavras sábias permanecem.
• Não há obrigatoriedade de usar a conjunção e entre a última e a penúltima palavras.
2)  Para separar os vocativos.
Ex.:
• O tempo não é, meu amigo, aquilo que você pensou.
• Senhor, eu desejaria saber quem foi o imbecil que inventou o beijo.
• Amigos, não há amigos.
       OBSERVAÇÃO:
Neste caso, a vírgula pode ser substituída com vantagem pelo ponto de exclamação, se a intenção é dar ênfase ao vocativo. Ex.:
Oh! Meu bem! Eu te amo tanto!
Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes? (Castro Alves)
Para separar o aposto de um termo fundamental. Ex.:
Brasília, capital da República, foi fundada em 1960.
O brasileiro, um assíduo tomador de café, ainda não tem acesso a um
produto de boa qualidade.
O espetáculo da beleza talvez baste para adormecer em nós, tristes mortais, todas as dores.
IMPORTANTE:
O aposto de especificação não vem separado por vírgula. Ex.: o rio Tietê, a palavra saudade, etc.
• Para separar certas palavras e expressões interpositivas: por exemplo,
• porém, ou melhor, ou antes, isto é, por assim dizer, além disso, aliás, com efeito, então, outrossim, pois, assim, entretanto, todavia, etc. Ex.:
• Eles gritavam. Eu, porém, nem me incomodava.
• Eles gastaram R$500.000,00, isto é, tudo que tinham.
• Quer dizer que você, então, não foi mais à República Tcheca?
• O ditador que era muito respeitado, ou antes, muito temido.
• Ficamos, assim, livres da vergonha de sermos chamados trogloditas.
OBSERVAÇÕES:
Tais palavras não são necessariamente interpositivas. O autor da frase é
que determina a situação de cada uma.
Quando anunciam uma enumeração, as expressões isto é, por exemplo, bem como, tais como, etc. requerem dois- pontos depois delas.
Para separar adjunto adverbial, quando a ele se quer dar
ênfase. Ex.:
Casaram-se às nove horas. Duas horas depois, estavam separados.
Em um naufrágio, quem está só ajuda-se mais facilmente.
A boca é, nas mulheres, a feição que menos nos esquece.
Observe no trecho abaixo as palavras em destaque:
Hoje o céu e a terra me sorriram; hoje recebi o sol no fundo da minhalma
Hoje eu a vi, e ela olhou para mim.
Hoje, acredito em Deus.
virtude de o autor desejara ali maior ênfase.
Para separar orações coordenadas assindéticas. Ex.:
O tempo não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém.
Todas as horas ferem, a derradeira mata.
Nascemos nas lágrimas, vivemos no sofrimento, morremos na dor.
7) Antes de toda as conjunções coordenativas (exceto e e nem). Ex.:
  A beleza empolga a vista, mas o mérito conquista a alma.
O lago está na minha fazenda, por conseguinte me pertence.
Não chore, que será pior!
Ou fosse do cansaço, ou do livro, antes de chegar ao fim da segunda
página, adormeci também. (Machado de Assis)
8) Antes de não antecedido de mas subentendido:
Os lobos mudam seu pelo, não seu coração.
( = os lobos mudam seu pelo, mas não seu coração)
Na discussão você ganha ou perde amigos, não argumentos.
IMPORTANTE:
Frases semelhantes podem aparecer com a conjunção e clara,
equivalente de mas.
Quando conhecemos uma pessoa, conhecemos-lhe os olhos, e não o
coração.
O horizonte está nos olhos, e não na realidade.
Ela fuma, e não traga.
9) Para separar orações iniciadas pela conjunção e, quando os
sujeitos forem diferentes. Ex.:
Tirai do mundo a mulher, e a ambição desaparecerá de todas as almas
generosas.
A mulher aceita o homem por amor ao casamento, e o homem tolera o
matrimônio por amor à mulher.
Quantas vezes uma vírgula modifica uma sentença, e uma palavra pode
destruir uma grande e velha amizade. 
10) Antes de ou e de nem, quando empregados enfaticamente, em
frases do tipo:
Afinal, quem manda aqui sou eu, ou são vocês?
Você está procurando uma casa, ou um palacete?
Não vais com ele, nem muito menos comigo.
Não saio de casa com essa chuva, nem morto.
11) Antes de e e nem repetidos, quer por ênfase, quer por
enumeração. Ex.:
Ele fez o céu, e a terra, e o mar, e tudo quanto há neles.
Ora, o brasileiro que não é formoso, nem espirituoso, nem elegante,
nem extraordinário – é um trabalhador.
IMPORTANTE:
A conjunção nem dispensa a vírgula quando liga orações, palavras ou
expressões de pequena extensão. Ex.:
Em instante crítico não grite nem desespere!
Não conheço Piraçununga nem Iguaçu.
Sendo outra a extensão, todavia:
O pai não permitia que as filhas ficassem à janela, nem que saíssem à rua.
b) Em casos de enumeração, a vírgula aparece entre o último
elemento e o sujeito. Ex.:
Maçãs, peras, bananas, uvas, eram frutas proibidas em casa.
Por alguns minutos, o cenário, os cantos, as figuras, recrearam-me os
olhos e os ouvidos. (Viriato Correia)
Quando, porém, um pronome (ninguém, tudo, nada, etc.) resume todos
os sujeitos, não se emprega a vírgula. Ex.:
Nem eu, nem você, nem ela, nem as crianças, nem ninguém conseguirá
dormir aqui, com tantos pernilongos!Num sujeito composto em que não se usa a conjunção e, a vírgula
também é obrigatória entre o último sujeito e o verbo. Ex.:
Mau curso primário, mau curso secundário, produzem mau candidato à universidade.
Psicólogos, sociólogos, antropólogos, foram chamados a opinar sobre o assunto.
12) Para separar do nome da obra, autos de processo, etc., a
página ou qualquer indicação. Ex.:
Nossa gramática – teoria e prática, 29ª edição, pág. 416.
13) Para separar do nome do autor, o da obra. Ex.:
Luiz Antonio Sacconi, Nossa gramática.
Mário Palmério, Vila dos confins.
14) Para separar o nome da localidade, nas datas. Ex.:
Salvador, 1º de novembro de 1983.
    Teresina, 21 de março de 1967.
15) Para separar termos ou orações que, deslocados, quebram uma sequência sintática. Ex.:
Comunicamos-lhes que, a partir desta data, atenderemos em novo
endereço.
O ministro, segundo recomendações médica, deve permanecer em
repouso absoluto.
As viúvas inconsoláveis, quando são jovens, acham sempre alguém
que as console.
Sejamos sinceros, porém, evitemos empregar com demasiado rigor a
franqueza que, muito embora seja uma bela virtude, poderá tornar-se mais prejudicial do que benéfica.
OBSERVAÇÃO:
Em caso de deslocação, fundamental é perceber que um elo foi
quebrado em desta forma, fazer que o termo ou oração fique entre vírgulas. Não basta usar uma só vírgula, antes ou depois, prática que não permitirá a retomada do elo natural.
16) Para separar orações adverbiais e substantivas quando antepostas à principal. Ex.:
Embora estivesse muito cansado, compareci à reunião.
Se tudo correr bem, iremos a Madri ano que vem.
Como isso pôde acontecer, ninguém sabe.
Que venham todos, é preciso: estou muito doente.
IMPORTANTE:
Com exceção das comparativas e conformativas, todas as orações
adverbiais vêm separadas por vírgula. Ex.:
Ajuda-me agora, para que te auxilie depois!
O ar poluído das grandes cidades, como São Paulo, corrói a vida das pessoas, embora algumas não o perceberam em curto prazo. 
O prefeito declarou à imprensa que não entende o motivo do êxodo dos paulistanos para o interior, embora saiba que todo ser humano possui pulmões...
Falou com tanto desembaraço, que a todos entusiasmou.
Abri a porta, a fim de que eles pudessem entrar.As orações substantivas só vêm separadas por vírgula quando
antepostas à principal. Na ordem normal, teremos, portanto, as frases vistas:
Ninguém sabe como isso pôde acontecer.
É preciso que venham todos: estou muito doente.
17) Para separar orações reduzidas de gerúndio, de particípio e de infinitivo. Ex.:
Chegando o diretor, avise-me imediatamente!
Terminada a conferência, foi nos oferecido um jantar.
18)Para isolar orações adjetivas explicativas. Ex.:
Brasília, que é a capital do Brasil, foi fundada em 1960.
A beleza, que é a fonte do amor, é também a fonte das maiores
desgraças deste mundo.
OBSERVAÇÃO:
Convém usar a vírgula depois de oração adjetiva restritiva,
principalmente quando os verbos se seguem um ao outro. Ex.:
Um sentimento que precisamos desenvolver no coração da
mocidade brasileira, é o do patriotismo.
No amor, a mulher que dá o retrato, promete o original.
O homem que ri, vive mais.
19)Para separar adjetivos que exercem função predicativa. Ex.:
Sereno e tranqüilo, caminhou o condenado à forca.
Não esperava que ele, inteligente e culto, dissesse tamanha
asneira!
A mulher saiu em desabalada carreira, desesperada.
20)Para separar objetos pleonásticos ou termos repetidos. Ex.:
Amigos sinceros, já não os há.
Mulheres, mulheres, mulheres, quantas mulheres!
OBSERVAÇÃO:
Omite-se a vírgula quando não se deseja dar ênfase ao objeto. Ex:
As rosas fê-las Deus para as mãos pequeninas. (Guerra Junqueiro)
A vida leva-a o vento. (João de Deus)
Procede-se da mesma forma quando o objeto é representado por pronome oblíquo tônico. Assim, por exemplo:
A mim me acusam de vagabundo!
A ti te chamam de preguiçoso!
21)Para separar termos deslocados de sua posição normal na oração. Ex.: 
As laranjas, você chegou a comprar?
De mim, elas gostam?
OBSERVAÇÃO:
Às vezes a transposição de termos é tão violenta, que, não usada a
vírgula, o sentido fica visivelmente prejudicado:
O grito e os gemidos eram ouvidos a boa distância, dos feridos.
Um cãozinho tinha o Luís, fofinho e peludinho.
A grita se alevanta ao céu, da gente.  (Camões)
22)Para indicar a omissão de uma palavra (geralmente verbo), ou de um grupo de palavras. Ex.:
Carmem ficou alegre; eu, muito triste. (= eu fiquei)
Um anjo, essa menina. (= um anjo é)
Um escândalo, essa declaração. (= um escândalo foi)
23)Para separar orações principais e coordenadas do tipo:
Um homem é um homem, sabe você, amigo Atanásio.(C.C. Branco)
A ausência prolongada, digam o que quiserem, é prejudicial às mais estreitas amizades. (Julio Dantas)
Nossas exportações, dizia o ministro, aumentaram consideravelmente no ano que passou.
Neste caso, em vez da vírgula pode ser usado o travessão, mormente quando se deseja pausa maior que aquela indicada pela vírgula. 
24)Para destacar palavras ou expressões isoladas. Ex.:
Ação, não palavras, é o de que precisamos.
Um bom partido, não um bom marido, era o que ela esperava.
25)Antes da abreviatura etc. Ex.:
Comprei maçãs, peras, abacates, laranjas, etc.
Falamos de política, futebol, lazer, etc.
Estiveram na festa Luísa, Juçara, Cassilda, etc.
IMPORTANTE:
a)Em rigor, é inconcebível o uso da vírgula antes do etc., pois esta abreviatura significa e outras coisas. O Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (PVOLP) traz a pontuação no final de todos os parágrafos, induzindo-nos à mesma prática. Não são poucos os que desconhecem o PVOLP; daí encontrarmos a referida abreviatura sem a competente e necessária vírgula anteposta até em compêndios que versam sobre língua portuguesa.
b) Injustificado seria o uso dessa mesma abreviatura em referências a pessoas, pelo próprio significado que encerra (e outras coisas). Nada obstante, é possível usá-la, ainda que seja esse o caso.
26)Para separar palavras repetidas que têm função superlativa. Ex.:
Os namorados passaram por mim juntinhos, juntinhos!
A parede da casa era branquinha, branquinha!27)Para separar os elementos paralelos de um provérbio. Ex.:
Tal pai, tal filho.
A pai muito ganhador, filho muito gastador.
Longe dos olhos, longe do coração.
28)Depois do sim e do não usados como respostas, no início da frase. Ex.:
Sim, vou a Piraçunnunga.
Não, não vou a Moji das Cruzes.
IMPORTANTE:
a)Vem separado por vírgulas o sim de frases semelhantes a estas:
Eu não sei se o Brasil vai poder pagar a dívida externa; sei, sim, que eu não vou pagar.
b)Quando se diz Sim, senhor e Não, senhor, a vírgula não significa pausa na fala.
C) Constitui erro imperdoável o emprego da vírgula entre o sujeito e o verbo, ou entre o verbo e o complemento, ou entre um núcleo e adjunto. Ex.:
“Luís, mereceu o prêmio.
Você quer” tomar, vinho”?
A “mulher, do meu vizinho” foi à feira.
Quando, porém se deseja pausa expressiva entre o sujeito e o verbo, a vírgula representará essa pausa. Ex.:
Aquela, era a minha oportunidade. (Mário Palmério)
a)É facultativo o uso da vírgula em orações justapostas deste tipo:
Quem tudo quer tudo perde./ Quem tudo quer, tudo perde.
B)Num sobrescrito ou envelope e no cabeçalho das correspondências, usa-se a vírgula após elemento ou item. Ex.:
Instituto Metodológico,
Caixa Postal 1000,
05050-000, São Paulo, SP
Depois de Caixa Postal não se usa vírgula.

BIBLIOGRAFIA:
SAUTCHUK, Inez, Prática de Morfossintaxe, Editora Manole Ltda., SP, 2004
KURY, Adriano da Gama, Novas lições de análise sintática, 9ª edição, Editora Ática, SP, 2008
SACCONI, Luiz Antonio, Nossa Gramática Completa, 29ª edição, Editora Nova Geração, SP, 2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário