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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Regência Verbal

regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o verbo — termo regente — e o seu complemento — termo regido, sendo esses o objeto direto e indireto ou um adjunto adverbial. A regência determina se uma preposição é necessária para ligar o verbo a seu complemento.  Alguns verbos exigem preposições, como o verbo necessitar, por exemplo, quem necessita, necessita de algo ou de alguém. Os verbos podem ser transitivos e intransitivos.  O adjunto adverbial é um termo acessório da oração cuja função é modificar um verbo, um adjetivo ou um advérbio, indicando uma circunstância (tempo, lugar, modo, intensidade etc.). Sendo um termo acessório, pode ser retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática. Veja alguns exemplos:

Choveu muito ontem.
↓                   
                                          verbo impessoal    adjunto adverbial de intensidade e de tempo        
(intransitivo)                                  
Chegamos no voo das onze horas.
↓                       ↓          
                verbo intransitivo           adjunto adverbial de meio e de tempo


Verbos transitivos diretos
Chamamos de verbos transitivos aqueles que precisam de um complemento, uma vez que não possuem sentido quando sozinhos. Eles podem ser transitivos diretos e indiretos. Os transitivos diretos são acompanhados por objetos diretos e não exigem preposição para o correto estabelecimento da relação de regência. Veja os exemplos:
Quero bolo!
 ↓        ↓

verbo transitivo direto   objeto direto            
Amo aquele rapaz.
↓           ↓
      
verbo transitivo direto      objeto direto      
Verbos transitivos indiretos
Os verbos transitivos indiretos são complementados por objetos indiretos, isto é, exigem uma preposiçãopara o estabelecimento da relação de regência. Veja:
preposição 'de' + artigo 'a' = da
       ↑

Gostamos da prova.
   ↓               ↓ 
verbo transitivo indireto       objeto indireto            
Outro exemplo:
preposição + artigo = às

Respondi às questões.
↓                ↓
verbo transitivo indireto       objeto indireto           
Verbos transitivos diretos e indiretos
Antigamente, os verbos transitivos diretos e indiretos eram chamados de bitransitivos. Essa nomenclatura, entretanto, não é mais utilizada. São verbos acompanhados de um objeto direto e um objeto indireto. Observe:
a (preposição) + os = aos                  
                
Agradeço 
aos ouvintes a audiência.

↓                 ↓               ↓  
verbo transitivo direto e indireto    
Objeto indireto    objeto direto ('a' é artigo)           
Quem agradece, agradece a alguém algo.
Outro exemplo:
    preposição + artigo = à
      ↑

Entreguei a flor à professora.
 ↓            ↓            ↓   
   verbo transitivo direto e indireto  
 
Objeto direto   objeto indireto    

Há uma dependência sintática entre regente (verbo) e termo regido (complemento), uma vez que o último completa o sentido do primeiro. Veja:
Joana comprou uma bolsa para Jussara.
O verbo “comprou” é transitivo direto e pede um complemento: Joana comprou o que? Uma bolsa (termo regido), para quem? Para Jussara (objeto indireto: precedido da preposição “para”).
Os pronomes pessoais oblíquos o, a, os, as e suas variações la, lo, los, las, no, na, nos, nas são objetos diretos. Já os pronomes lhe, lhes são objetos indiretos.
Exemplos: Joana disse que iria comprá-la. (Joana disse que iria comprar. Comprar o que? La (algo, um objeto, o qual pode ser uma bolsa, uma blusa, etc.)

COLOCAÇÃO PRONOMINAL (PRÓCLISE, MESÓCLISE, ÊNCLISE)

É o estudo da colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relação ao verbo.
Os pronomes átonos podem ocupar 3 posições: antes do verbo (próclise), no meio do verbo (mesóclise) e depois do verbo (ênclise).
Esses pronomes se unem aos verbos porque são “fracos” na pronúncia.

PRÓCLISE

Usamos a próclise nos seguintes casos:
(1) Com palavras ou expressões negativas: não, nunca, jamais, nada, ninguém, nem, de modo algum.
- Nada me perturba.
- Ninguém se mexeu.
- De modo algum me afastarei daqui.
- Ela nem se importou com meus problemas.
(2) Com conjunções subordinativas: quando, se, porque, que, conforme, embora, logo, que.
- Quando se trata de comida, ele é um “expert”.
- É necessário que a deixe na escola.
- Fazia a lista de convidados, conforme me lembrava dos amigos sinceros.
(3) Advérbios
- Aqui se tem paz.
- Sempre me dediquei aos estudos.
- Talvez o veja na escola.
OBS: Se houver vírgula depois do advérbio, este (o advérbio) deixa de atrair o pronome.
- Aqui, trabalha-se.
(4) Pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos.
- Alguém me ligou? (indefinido)
- A pessoa que me ligou era minha amiga. (relativo)
- Isso me traz muita felicidade. (demonstrativo)
(5) Em frases interrogativas.
- Quanto me cobrará pela tradução?
(6) Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo).
- Deus o abençoe!
- Macacos me mordam!
- Deus te abençoe, meu filho!
(7) Com verbo no gerúndio antecedido de preposição EM.
- Em se plantando tudo dá.
- Em se tratando de beleza, ele é campeão.
(8) Com formas verbais proparoxítonas
- Nós o censurávamos.

MESÓCLISE

Usada quando o verbo estiver no futuro do presente (vai acontecer – amarei, amarás, ...) ou no futuro do pretérito (ia acontecer mas não aconteceu – amaria, amarias, ...)
- Convidar-me-ão para a festa.
- Convidar-me-iam para a festa.
Se houver uma palavra atrativa, a próclise será obrigatória.
- Não (palavra atrativa) me convidarão para a festa.

ÊNCLISE

Ênclise de verbo no futuro e particípio está sempre errada.
- Tornarei-me....... (errada)
- Tinha entregado-nos..........(errada)
Ênclise de verbo no infinitivo está sempre certa.
- Entregar-lhe (correta)
- Não posso recebê-lo. (correta)
Outros casos:
- Com o verbo no início da frase: Entregaram-me as camisas.
- Com o verbo no imperativo afirmativo: Alunos, comportem-se.
- Com o verbo no gerúndio: Saiu deixando-nos por instantes.
- Com o verbo no infinitivo impessoal: Convém contar-lhe tudo.
OBS: se o gerúndio vier precedido de preposição ou de palavra atrativa, ocorrerá a próclise:
- Em se tratando de cinema, prefiro o suspense.
- Saiu do escritório, não nos revelando os motivos.

COLOCAÇÃO PRONOMINAL NAS LOCUÇÕES VERBAIS

Locuções verbais são formadas por um verbo auxiliar + infinitivo, gerúndio ou particípio.
AUX + PARTICÍPIO: o pronome deve ficar depois do verbo auxiliar. Se houver palavra atrativa, o pronome deverá ficar antes do verbo auxiliar.
- Havia-lhe contado a verdade.
- Não (palavra atrativa) lhe havia contado a verdade.
AUX + GERÚNDIO OU INFINITIVO: se não houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá depois do verbo auxiliar ou do verbo principal.
Infinitivo
- Quero-lhe dizer o que aconteceu.
- Quero dizer-lhe o que aconteceu.
Gerúndio
- Ia-lhe dizendo o que aconteceu.
- Ia dizendo-lhe o que aconteceu.
Se houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá antes do verbo auxiliar ou depois do verbo principal.
Infinitivo
- Não lhe quero dizer o que aconteceu.
- Não quero dizer-lhe o que aconteceu.
Gerúndio
- Não lhe ia dizendo a verdade.
- Não ia dizendo-lhe a verdade.


Concordância verbal e nominal

CONCORDÂNCIA verbAL


A regra básica da concordância verbal é o verbo concordar  em número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª) com o sujeito da frase.
Sujeito simples – o verbo concordará com ele em número e pessoa.
Ex.: O artista excursionará por várias cidades do interior.

2. Sujeito composto – em regra geral, o verbo vai para o plural.
Ex.: Sua avareza e seu egoísmo fizeram com que todos o abandonassem.
Se o sujeito vier depois do verbo, concorda com o núcleo mais próximo, ou vai para o plural.
Ex.: “Ainda reinavam (ou reinava) a confusão e a tristeza” (Dinah S. de Queiroz).
Se o sujeito vier composto por pronomes pessoais diferentes – o verbo concordará conforme a prioridade gramatical das pessoas.
Ex.: Eu e você somos pessoas responsáveis.
Atenção! Tu e ela estudais / estudam. A segunda forma é mais usada atualmente.

3. Expressões não só...mas tambémtanto/quanto que relacionam sujeitos compostos permitem a concordância do verbo no singular ou no plural.
Ex.: Tanto o rapaz quanto o amigo obtiveram/obteve nota máxima na redação do ENEM.

4. Sujeito composto ligado por ou:
- indicando exclusão, ou sinonímia – o verbo fica no singular.
Ex.: Maria ou Joana será representante.
- indicando inclusão, ou antonímia – o verbo fica  no plural.
Ex.: O amor ou o ódio estão presentes.
- indicando retificação – o verbo concorda com o núcleo mais próximo.
Ex.: O aluno ou os alunos cuidarão da exposição.

5. Quando o sujeito é representado por expressões como a maioria de, a maior parte de e um nome no plural, o verbo concorda no singular (realçando o todo) ou no plural (destacando a ação dos indivíduos).
Ex.: A maioria dos jovens quer as reformas. (ou) A maioria dos jovens querem as reformas.

6. Não sou daqueles que recusa / recusam as obrigações.
Nesse caso, o referente do pronome relativo que é daqueles, a regra fundamental de concordância com o sujeito deverá levar o verbo para a 3ª pessoa do plural. Entretanto, também é aceito quando refletimos em uma concordância com um daqueles que.

7. Verbo ser + pronome pessoal + que – o verbo concorda com o pronome pessoal.
Ex.: Sou eu que executo a obra. Seremos nós que executaremos a obra.
Verbo ser + pronome pessoal + quem – o verbo  concorda com o pronome pessoal ou fica na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Sou eu quem inicio a leitura. Sou eu quem inicia a leitura.

8. Nomes próprios locativos ou intitulativos – se precedidos de artigo plural, o verbo irá para o plural; não sendo assim, irá para o singular.
Ex.: Os Estados Unidos reforçam as suas bases.
Minas Gerais progride muito.

9. Pronome relativo antecedido da expressão “um dos”, “uma das” – verbo na 3ª pessoa do singular ou do plural.
Ex.: Ela é uma das que mais impressiona (ou impressionam).
Quando apresenta uma ideia de seletividade, fica obrigatoriamente no singular.
Ex.: Aquela é uma das peças de Nelson Rodrigues que hoje se apresentará neste teatro.

10. Concordância do verbo ser: a) sujeito nome de coisa ou um dos pronomes nada, tudo, isso ou aquilo + verbo ser + PREDICATIVO no plural: verbo no singular ou no plural (mais comum).
Ex.: "A pátria não é ninguém: são todos.” (Rui Barbosa)
b) NAS ORAÇÕES INTERROGATIVAS iniciadas pelos pronomes quem, que, o que– verbo ser concorda com o nome ou pronome que vem depois.
Ex.: Quem eram os culpados?
c) 1º TERMO – SUJEITO = substantivo; 2º termo = pronome pessoal, o verbo concorda com o pronome pessoal.
Ex: Os defensores somos nós.
d) Nas expressões é muito, é pouco, é mais de, é tanto, é bastante + determinação de preço, medida ou quantidade: verbo no singular.
Ex.: Dez reais é quase nada.
e) Indicando hora, data ou distância – o verbo concorda  com o predicativo.
Ex.: São três horas. Hoje são 15 de fevereiro.

11. PASSIVO – NA VOZ PASSIVA SINTÉTICA, com o pronome apassivador SE, o verbo   concorda com o sujeito paciente (que é um aparente objeto direto).
Ex.: Escutavam-se vozes.
INDETERMINADO – com o pronome indeterminador do sujeito, o verbo fica na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Precisa-se de operários.


CONCORDÂNCIA NOMINAL

As relações que as palavras estabelecem com o substantivo que as rege constitui o que em gramática se chama de sintagma nominal. Essa relação caracteriza os casos de concordância nominal.

1. Concordância de gênero e número entre o núcleo nominal e os artigos que o precedem, os pronomes indefinidos variáveis, os demonstrativos, os possessivos, os numerais cardinais e os adjetivos.
Ex.: Um luar claro e belíssimo.

2. Concordância do adjetivo com dois ou mais substantivos
a) Substantivos do mesmo gênero, o adjetivo irá para o plural desse gênero ou concordará com o mais próximo (concordância atrativa).
Ex.: Bondade e alegria raras ou rara.
b) Substantivos de gêneros diferentes, o adjetivo irá para o masculino plural ou concordará com o mais próximo.
Ex.: Atitude e caráter apropriados ou apropriado.
c) Adjetivo anteposto aos substantivos, nos dois casos acima, a norma geral é que ele concorde com o substantivo mais próximo.
Ex.: Mantenha desligadas as lâmpadas e os eletrodomésticos.
d) Substantivos com sentido equivalente ou expressam gradação, o adjetivo concorda com o mais próximo.
Ex.: Revelava pura alma e espírito.

CASOS PARTICULARES

1. POSSÍVEL
a) precedido de o mais,o menor, o melhor, o pior – singular;
b) precedido de os mais, os menores, os melhores, os piores – plural.
Ex.: Estampas o mais possível claras. / Estampas as mais claras possíveis.

2. ANEXO / INCLUSO – adjetivos, concordam com o substantivo a que se referem.
Ex.: Envio-lhe anexos / inclusos os documentos.  (em anexo, junto a são invariáveis)

3. LESO (adjetivo = lesado, prejudicado) concorda com o substantivo com o qual forma uma composição.
Ex.: Cometeu crime de lesa-pátria.

4. PREDICATIVO
a) substantivo com sentido indeterminado (sem artigo) – adjetivo no masculino.
Ex.: É proibido entrada;
b) substantivo com sentido determinado (com artigo) – adjetivo concorda com o substantivo. Ex.: É necessária muita cautela.

5. MEIO – numeral = metade (variável)
Ex.: Falou meias verdades.  
Advérbio = parcialmente (variável).
Ex.: Encontrava-se meio fatigada.

6. MUITO, POUCO, BASTANTE, TANTO – PRONOMES – (variáveis).
Ex.: Li bastantes livros. ADVÉRBIOS (invariáveis).
Ex.: Estavam bastante felizes.

7.  – adjetivo  = sozinho (variável).
Ex.: Eles se sentiam sós. Palavra denotativa de exclusão (invariável).
Ex.: Só os alunos compareceram à reunião (= somente).

8. PSEUDO, ALERTA, SALVO, EXCETO – são palavras invariáveis.
Ex.: Ela é pseudo-administradora, por isso fiquemos sempre alerta.

9. QUITE = LIVRE – concorda com aquele a que se refere.
Ex.: Estamos quites com a mensalidade.

10. OBRIGADO, MESMO, PRÓPRIO – concordam com o gênero e número da pessoa a que se referem.
Ex.: Ela disse:
- Muito obrigada, eu mesma cuidarei do assunto.